28 de jun. de 2009

Sobre Arte!

_ Segundo o dicionário Houaiss, arte é a "produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana".



_ Acho bonito um poema, mas, não sei pra que serve!



_ Falta arte ao mundo! Se todas as pessoas soubessem a importância, tivessem sensibilidade e praticassem, não haveria tanta violência, tantas mazelas, tanto egoísmo. Todos procurariam valorizar as coisas simples da vida e não se deixariam seduzir pela vaidade. Quem sabe o valor da arte, respeita o próximo e vive em prol de um mundo melhor.



_ As minhas aulas mais chatas são sobre arte. Porque não estudamos apenas as matérias úteis, como física, matemática e geografia? Ficar falando de coisas que já aconteceram no passado... Arte para mim é só isso! Humpf!



_ Arte tem a ver com história. Isto porque a história se releva através da Arte e a Arte se revela através da história.




_ Arte é só um ‘hobbie’. Aliás, nem tudo que é bom para você é bom para todos. Se a arte serve pra você, então seja feliz assim. Mas para mim arte não serve para nada! Acredito no poder do dinheiro.



_ Música para mim não é simplesmente para alcançar fama. Música é um conjunto harmônico composto por letra, melodia e sentimentos. O sucesso financeiro é mera conseqüência. O músico ‘mercenário’ é aquele que identifica tendências, imita estilos ao invés de se inspirar. Com isso, às vezes até impõe comportamentos, através da repetição. Já o músico ‘artista’ é aquele que se deixa levar pelas emoções, é dedicado, tem tino, dom. A música é minha vida.



­_ Não será por intermédio de poemas que o mundo vai progredir.


_ Sou cinéfilo! O cinema é um modo divino de contar a vida.


_ Surrealismo é a libertação dos impulsos em forma de arte. A vitória sobre a censura do subconsciente!


_ Não gosto de ler!


_ Música é sentimento exteriorizado, fruto de um momento de inspiração. Queria compor uma música. Quem não gosta de arte não tem sentimentos.

_ A arte é vida. Pessoas que não gostam de arte são como “gado”. Não passam de um imenso agrupamento de pessoas, em torno de idéias que não foram inventadas por elas. Elas não se posicionam de forma contrária, porque não possuem capacidade intelectual, para tanto. Simplemente aceitam tudo! Tudo que está na moda, tudo o que os outros dizem que é bom! Não têm individualidade. Estão sugestionados pela massa. São “Outros”, conforme disse Manoel de Barros, em certo poema.


_ Não gosto de teatro! É tudo invenção e mentira. É muito caro, gasta-se muito dinheiro com peças teatrais. As pessoas aplaudem uma peça por mera hipocrisia.


_ Sou fotógrafo! Fotografia é a "arte de escrever com a luz".

_ Gosto de qualquer música! Na verdade, gosto mesmo é de baladas! Qualquer música em companhia da minha paquera fica perfeita.


_ Ora, para mim, o teatro é a arte em sua plenitude. É mágico estar em um palco, é fascinante decorar textos, criar figurinos, dar vida ao personagem! Eu nasci para o teatro! Atuar é doar-se em nome de um sonho. Atuando posso ser o que quero! Sou diferente, pois sei criar, ensaiar e me orgulho de cada trabalho que faço! É como um nascedouro de um novo filho! Um filho meu! Encontro-me na arte teatral!



(Diálogos extraídos de um grupo de debate sobre Arte que não existiu, mas que é verdadeiro).


Por Érica, a sonhadora.



A literatura foi o meu primeiro amor. Para mim, a arte vem de Deus, tem um toque divino. Tem poder de mudar vidas, já que transcende os desígnios do cotidiano e encontra forças no que há de mais bonito na alma humana. Escrevo com meu sangue, parafraseando Nietzshe. Escrevo para me encontrar. Quero que meu último suspiro seja por Deus e pela Arte. A literatura, a meu ver, é como um pequeno caco. E a arte como um vitral. Cacos juntos formam um vitral para que raios de sol por ele passem. Contas de vidro coloridas, pequenos pedaços de mim. Cacos para o vitral da minha vida. Retalhos que dão sentido à minha existência. A arte para mim é amor. Um mundo de amor em mim.

23 de jun. de 2009

Outono (por Paulo Honório)




Para a Érica,

Acho que nunca pensei nele seriamente, ou nunca no sentido de querer saber qualquer coisa dele. Ele nem é tão característico para quem vive nos cerrados brasileiros, quer dizer, até pode ser: as chuvas diminuem; os dias vão ficando menos quentes e mais curtos; o vento da tarde já trás consigo algo de frio, o verde vai dando lugar ao amarelo, ao palha; as mexericas já podem ser colhidas e o principal: a seca vai chegando devagar até se tornar ela própria o inverno e quase toda a paisagem. De qualquer forma nunca havia me atentado a ele. E ele se foi ontem ou anteontem, tal como muito de nós se perde sem ser percebido ou entendido. Foi-se o Outono, veio o Inverno, o mesmo que não me gerou, mas no que nasci. O das férias geladas de julho, dos pés frios e às vezes de meia, da fumaçazinha que sai da boca quando se vai para a escola cedinho, dos banhos corridos, dos muitos cobertores, do preguiçoso acordar, da cama quentinha e do prazer de ser aquecido. O Outono é passado e só o que resta é esse frio com o sol quente que faz com que a poeira de Brasília se torne redemoinho e também canção, beleza, morte e no fim, lá no fim dela mesma, vida. Até porque dizem que "a flor da cagaiteira não cai na poeira..."

http://paulohonorio.zip.net/






Sou apaixonada pelo Outono, mas sabia que não conseguiria escrever sobre ele, como se deve, à altura de seu esplendor. Por isso, pedi ao Paulo que escrevesse sobre o outono, e como se vê, ele cumpriu essa tarefa como muito louvor... lindamente!

Paulo, meu querido amigo, meu "vento solar e estrelas do mar"... obrigada pelo presente! Para mim você é ainda mais lindo que o outono: é meu raio de sol, meu girassol, meu vento solar e estrelas do mar...

16 de jun. de 2009

Amor e Poesia



E o inusitado acontece. Aquela noite não prometia nada demais. Apenas iria a uma festa acompanhando uma amiga que há muito tempo vinha insistindo. Avistou-o de longe e reparou a sua beleza. O primeiro atributo a ser analisado, mas, no fim das contas, o último a ser considerado. Ele, sorridente, apresentou-se e eles descobriram afinidades. E eram tantas. De família, de gostos, de sorrisos, de carinho...


Veio o convite para a dança. E com os rostos colados silenciaram. A magia condensada naquele momento dispensava palavras, era para ser adorada e cultuada em silêncio, “como quem ouve uma sinfonia... de silêncio e de luz.”.


Ele tentou beijá-la, mas sentiu-se tão maravilhado pelo sorriso dela que desconsertou-se. Adiou aquele momento que minutos depois aconteceu inevitavelmente. Ele mexeu nos cabelos dela e sentiu um leve perfume. Aquela fragrância eclodiu dentro dele um breve desvario, e ele teve que conter sua impetuosa vontade de beijá-la, por completo. Ela, também atraída, aninhou seu corpo junto ao dele... sentiu tudo tão familiar. Olhos nos olhos, mãos se entrelaçando. O corpo é instrumento e o amor é poesia.



Não queriam se separar, mas foi preciso. Em casa ela demorou a dormir tendo em suas mãos um livro de poemas de Pablo Neruda. Ele dormiu embalado pelas carícias que o amor lhe fazia nos pensamentos.





E eles eram mais antigos que o silêncio...



Quando falo sobre amor, lembro de Florentino Ariza, personagem do livro “O Amor em tempos de cólera”, que demorou 53 anos para conquistar o amor de sua vida e como disse Rubem Alves, com muito encantamento, a partir de então, viveu o ‘tempo da delicadeza’. Algumas pessoas, por outro lado, passam pela vida e não encontram o amor. Outras o encontram, mas o perdem. Existem aquelas como os personagens da pequena história que narrei, que vivem curtos momentos gloriosos de amor. Encontram o momento de amor. Amor que será colocado à prova posteriormente quando o casal passar horas e horas a fio conversando, descobrindo afinidades ou destemperanças.

A beleza que foi o primeiro atributo será mais valiosa, se junto com ela vier a cumplicidade. Em verdade, existem muitas belezas, mas, a beleza da alma nunca fenece. Diferentemente da beleza física e a do sexo, que são fugazes, a beleza do amor é a mais bonita de todas. É aquela em que o casal vê nos olhos do outro, os seus sonhos e a sua própria imagem revestida com uma ternura embalsamadora. É poesia, e por isso permanece.

Durante a dança, mais que o encontro dos corpos, houve um momento em que os sonhos se encontraram: o sonho de ser feliz, de viver uma história, de livrar-se da solidão, de estar sempre no ‘tempo da delicadeza’. Eles se amaram, e mais que isso, amaram o momento. Amaram “a água implícita, o beijo tácito e a sede infinita”, como muito bem escreveu Drummond em um de seus poemas.

 
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