16 de jun. de 2009

Amor e Poesia



E o inusitado acontece. Aquela noite não prometia nada demais. Apenas iria a uma festa acompanhando uma amiga que há muito tempo vinha insistindo. Avistou-o de longe e reparou a sua beleza. O primeiro atributo a ser analisado, mas, no fim das contas, o último a ser considerado. Ele, sorridente, apresentou-se e eles descobriram afinidades. E eram tantas. De família, de gostos, de sorrisos, de carinho...


Veio o convite para a dança. E com os rostos colados silenciaram. A magia condensada naquele momento dispensava palavras, era para ser adorada e cultuada em silêncio, “como quem ouve uma sinfonia... de silêncio e de luz.”.


Ele tentou beijá-la, mas sentiu-se tão maravilhado pelo sorriso dela que desconsertou-se. Adiou aquele momento que minutos depois aconteceu inevitavelmente. Ele mexeu nos cabelos dela e sentiu um leve perfume. Aquela fragrância eclodiu dentro dele um breve desvario, e ele teve que conter sua impetuosa vontade de beijá-la, por completo. Ela, também atraída, aninhou seu corpo junto ao dele... sentiu tudo tão familiar. Olhos nos olhos, mãos se entrelaçando. O corpo é instrumento e o amor é poesia.



Não queriam se separar, mas foi preciso. Em casa ela demorou a dormir tendo em suas mãos um livro de poemas de Pablo Neruda. Ele dormiu embalado pelas carícias que o amor lhe fazia nos pensamentos.





E eles eram mais antigos que o silêncio...



Quando falo sobre amor, lembro de Florentino Ariza, personagem do livro “O Amor em tempos de cólera”, que demorou 53 anos para conquistar o amor de sua vida e como disse Rubem Alves, com muito encantamento, a partir de então, viveu o ‘tempo da delicadeza’. Algumas pessoas, por outro lado, passam pela vida e não encontram o amor. Outras o encontram, mas o perdem. Existem aquelas como os personagens da pequena história que narrei, que vivem curtos momentos gloriosos de amor. Encontram o momento de amor. Amor que será colocado à prova posteriormente quando o casal passar horas e horas a fio conversando, descobrindo afinidades ou destemperanças.

A beleza que foi o primeiro atributo será mais valiosa, se junto com ela vier a cumplicidade. Em verdade, existem muitas belezas, mas, a beleza da alma nunca fenece. Diferentemente da beleza física e a do sexo, que são fugazes, a beleza do amor é a mais bonita de todas. É aquela em que o casal vê nos olhos do outro, os seus sonhos e a sua própria imagem revestida com uma ternura embalsamadora. É poesia, e por isso permanece.

Durante a dança, mais que o encontro dos corpos, houve um momento em que os sonhos se encontraram: o sonho de ser feliz, de viver uma história, de livrar-se da solidão, de estar sempre no ‘tempo da delicadeza’. Eles se amaram, e mais que isso, amaram o momento. Amaram “a água implícita, o beijo tácito e a sede infinita”, como muito bem escreveu Drummond em um de seus poemas.

2 caco (s)...:

Blog do Paulo Honório disse...

Fiz seu Outono..hehe

depois dá uma olhada?

Mas e essa sua história? E vero ou não?

bjim!

Érica disse...

Querido Paulo e queridos leitores "gatos pingados"!

Eis a pergunta que não se cala!

Essa história é verdadeira?

Pois bem. O post foi inspirado em uma história verdadeira sim, que aconteceu comigo há um tempo atrás. É claro tem todo um toque poético e diria até 'superdimensionado'. O meu intuito ao escrever esse texto foi falar sobre amor. Por isso, narrei essa história. Entendam: escrevi a história para falar de amor e não falei de amor por conta da história.
De toda sorte, a literatura tem esse poder, de dar asas à imaginação, criar uma realidade paralela, cheia de cores, 'estrelinhas' e poesia. Afinal, o amor é poesia..........rs
Obrigada a todos que leram o post e vieram falar comigo...fico feliz por acompanharem o blog.
Um beijo doce...

Érica

 
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