4 de nov. de 2008

Sobre dons e talentos

Todos nós fomos agraciados com dons, talentos e gostos próprios.
Outro dia, tirei uns minutos da minha tarde e sentei-me para assistir um pouco do programa de televisão que minha mãe acompanha. O tema concentrava-se no fato de certas pessoas gostarem de dançar, se vestirem de forma extravagante e adotarem posturas nem sempre convencionais. Tais fatos incomodaram outras pessoas e foram estas que estavam no programa.
A finalidade era discorrer sobre o descontentamento com a postura daquelas.
Parei para pensar. Ser um pouco diferente do convencional incomoda, não? Tanto que para certas pessoas é intolerável estar numa pista de dança e não saber dançar, enquanto outras têm aquela leveza de pluma. Tanto que para algumas pessoas é indisfarçavelmente insuportável saber que vai chegar na turma aquela pessoa que sabe contar piadas e diverte todo mundo. Ou aquela que sabe poemas, demonstra interesse em discutir política ou sabe todas as atualidades com destreza.
O que me intrigou nessa postura pessimista é saber que pessoas insatisfeitas com a postura da outra, percam tanto tempo se preocupando em como o outro dança, se veste ou nos assuntos que gosta de conversar. E o mais curioso é que em contrapartida, a pessoa objeto das inquietações, a seu turno, continua do mesmo jeito, dançando, sorrindo e cantando, mergulhada em si própria, pouco importando se está agradando ou desagradando. O formidável pra ela é sentir-se solta, é mostrar-se entregue a seus desejos, livre dos olhares curiosos e vigilantes daqueles que são escravos das normas de conduta e etiqueta.
Cada um, em verdade, foi agraciado por Deus com dons e talentos próprios. O ideal seria não maldizer a conduta alheia. A meu ver, já que não se tem facilidade para dançar, o melhor é optar por outra programação, ou estando ali naquele ambiente, faça algo diferente para ser admirado, atrair a atenção alheia. Quem não sabe cantar, dançar, pode conversar brilhantemente, pode escrever um belo texto ou fazer-se admirar pela sua cordialidade e gentileza. Salve a simpatia, que muito embora seja a mais antiga, continua sendo, por excelência, a melhor arma de qualquer pessoa.
O mais significante de tudo é saber que não é preciso usar máscaras para chamar a atenção. O importante é assumir-se, vestir-se conforme seus próprios desejos, entregar-se rasgadamente a seus sonhos, aspirações e comportar-se da forma que se sente melhor. Já vi tantas pessoas dizerem pomposamente que adoram beber whisky, mas fica ali, com um copo a noite toda, com o temor de deixar transparecer alguma careta (!!!).
E assim são alguns fatos da vida e assim são alguns detalhes que fazem tudo tão diferente e as pessoas tão especiais de serem percebidas... é que todos temos dons e talentos muito peculiares...

2 caco (s)...:

Cleonice Braz disse...

Olá... grata pela visita... e retribuindo, já que gentilezas são afagos para a alma...
Concordo contigo, plenamente... viver é tão mais interessante que se preocupar com o que o outro faz! Viver de forma original e intensa, da melhor forma que se pode! Se permitir...

Admiro muito seus escritos, e ainda não acredito que nossa amizade seja apenas virtual! rs...

Parabéns pela personalidade e talento!

Abraços!

Anônimo disse...

Então, mais um belo texto. Como diria nosso amigo Drummond ''Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar. '' Contudo, as pessoas que sabem valorizar a qualidade alheia são o diferencial de nossa contemporaneidade.
Parabéns, muito pertinente.
“... pode escrever um belo texto ou fazer-se admirar pela sua cordialidade e gentileza... De fato.”

 
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