16 de set. de 2008

Ausência Defintiva

24 de maio. Festa Nacional do Milho. Aniversário da cidade.
O bom da fenamilho é que reencontramos amigos e parentes que muitas das vezes moram longe...e que aparecem para prestigiar a festa.
A cidade alvoroçada recebe suas visitas com uma calorosa emoção, um tanto atípica se comparada com estação do momento...outono. Nesta região, no outono faz frio.
Mas aquele tempo frio e seco, deu uma pausa, e a noite ficou estrelada...como magia!
_ Oi querida! Saudades de você! Precisamos conversar, vamos sair, tenho tanto a te dizer...
Em meio ao clima de festa, nos entregamos à música e às lembranças da adolescência.
Na companhia de um litro de conhaque, sorrindo em tom alto, aquele momento parecia eterno para amigos que há muito não se viam.
“Se eu for parte de sua lenda você voltará um dia”.
Um dia ele me disse. E ele sempre voltava... dizia não conseguir ficar longe e me mimava como se criança eu fosse.
Naquela noite, mais uma vez senti que era amada silenciosamente... um amor trazido desde a adolescência, com um gosto de risos de crianças, de confissões contadas na varanda de casa, de sonhos perdidos no passado que foram preteridos por outros sonhos, nem tão ingênuos, mas dotados de mais maturidade e mais grandiosidade, esta grandiosidade que só a idade consegue traduzir, um tanto eivada de responsabilidade, mas também de um inefável carinho.
E eu também o amava, do meu jeito, como sendo meu primeiro amigo, como sendo aquele que me despertara o primeiro desejo de deixar a infância, mesmo brincando descalça na rua.
No fim da noite, me carregou no colo e disse que me amava.
..............................................................................
Ausência Definitiva. Ou seria uma saudade contínua, que sempre permanecerá?
Hoje, pela primeira vez deparo-me com a morte, tão perto.
Aprendi que devemos aceitar a morte, por ser uma conseqüência natural da própria vida e como um descanso deste mundo às vezes tão cruel.
Todavia, poderia ter restado mais...não ir tão cedo. É estranho, os bons morrem jovens!
Não pude dizer adeus, mas, não quero, prefiro ‘até qualquer dia’.
Prefiro lembrar-me de você e das nossas longas conversas, dos nossos sonhos e da fenamilho... que deixou de ser fria, pelo calor dos nossos sentimentos.

 
©2007 Elke di Barros Por Templates e Acessorios